Artigo de opinião de autoria de Inês Borges, Marketing & Communications Specialist da KCS iT. Publicado originalmente na Executive Digest.
Sustentabilidade. A palavra que encontramos em todos os meios, em todas as áreas e referida por (quase) todas as empresas. Mas comecemos por perceber o que é. Definido pelas Nações Unidas como o “desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras”, este acaba por ser um conceito que, com a facilidade de uso que passou a ter, se tornou vazio.
Será esta uma preocupação que se começa a tornar transversal a todas as pessoas e organizações? Greenwashing ou verdadeira consciência de sustentabilidade empresarial?
A realidade é que é fácil dizer que somos sustentáveis e que fica bonito comunicar que tomamos medidas nesse sentido, mas está na altura de percebermos se é essa a verdade.
No universo das empresas, quando queremos falar de sustentabilidade, temos de pensar no tema em três níveis: social, ambiental e económico. Ou seja, significa assumir uma posição que defenda a conservação e boa gestão dos recursos naturais, que garanta a defesa dos direitos humanos e a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos da sociedade e que promova a prosperidade e eficiência da atividade económica das organizações no sentido de geração de riqueza e empregabilidade.
Sabendo isto, continuamos a achar que há assim tantas empresas que possam considerar sustentáveis?
Em 2021, o “The Sustainability Yearbook”, um relatório realizado pela S&P Global e a Robeco SAM, distinguiu três empresas portuguesas como estando entre os melhores exemplos a nível mundial de práticas sustentáveis: EDP, Galp e Banco Comercial Português. Aqui são implementadas medidas como:
- Utilização de fontes de energia renováveis
- Uso de tecnologias energéticas mais limpas e eficientes
- Promoção da educação através do investimento na formação interna e no apoio a comunidades
- Implementação de planos de igualdade, programas de bem-estar e desenvolvimento humano
- Investigação e desenvolvimento de soluções que garantam a eficiência energética
Portanto medidas que têm impacto não só dentro das empresas, mas também na criação de um mundo mais consciente e que protege o ambiente e as pessoas. São exemplos de que um passo de cada vez pode tornar as empresas mais sustentáveis e melhores lugares para trabalhar, além de tornaram o planeta um melhor lugar para viver.
Infelizmente, e apesar de todos os conhecimentos que existem atualmente sobre o tema, continua a existir a ideia de que a implementação de medidas de sustentabilidade traz custos elevados para as empresas. Uma ideia que está, apenas, errada. Porque estas mudanças (com investimento financeiro ou, muitas vezes, apenas através da sensibilização!) resultam em benefícios a nível de reputação e também a nível económico. Há quatro exemplos que refletem bem isto:
- Jerónimo Martins: entre 2011 e 2020, implementou campanhas de sensibilização para a necessidade de reduzir o consumo de água e de energia. O resultado foi uma poupança para a empresa que se traduziu em mais de 6,2 milhões de euros sem qualquer tipo de investimento. Para o planeta significou a poupança de 494.902m3 de água e 47.902.211kWh de eletricidade .
- Vieira de Almeida & Associados: entre 2011 e 2013, e também sem investimento financeiro e apenas através da sensibilização interna, conseguiu reduzir o consumo de eletricidade em 14%. Redução que resultou numa poupança anual de 18.665€!
- Sonae Sierra: implementou medidas de eficiência energética através de um investimento de 2,3 milhões de euros. A poupança gerada com essas alterações traduz-se numa poupança anual de 2,4 milhões de euros. Um investimento que, claramente, trouxe benefícios imediatos.
- O estudo “SDG Reporting Challenge 2017” da PwC, onde a PwC Portugal participou através da análise de relatórios financeiros e sustentabilidade de 35 empresas, revelou que estas empresas conseguiram receitas de cerca de 79 mil milhões de euros através da implementação de medidas de sustentabilidade.
E isso está ao alcance de todos nós. Só precisamos da primeira pessoa que se chegue à frente e afirme a importância de termos esta consciência – seja a nível pessoal ou empresarial. Felizmente, há já vários meios que apoiam nesse sentido. Desde organizações como a Business Council for Sustainable Development (BCSD) e a Lisboa Capital Verde Europeia, que ajudam as empresas a comprometerem-se com metas que vão ao encontro dos objetivos do Acordo de Paris e também a implementá-las; a vários fundos nacionais e internacionais que apoiam financeiramente as alterações empresariais necessárias como o Innovation Fund, o EEA Grants, o Fundo Ambiental ou o PO Seur.
Está dada a prova de que a adoção de uma política e forma de estar sustentáveis estão à distância de uma tomada de decisão. Vamos dar um passo nesse sentido e acompanhar aquilo que o planeta nos pede ou ficar a ver o mundo rodar sem fazer nada para evitar a queda sem retorno?