Blockchain e os impactos futuros em RH

por Rafael Farrim em 15/06/2021

Artigo publicado na RH Magazine. Uma reflexão de de Rafael Farrim, People and Talent Manager naa KCS IT.

Já todos ouvimos falar, de uma maneira ou outra, de criptomoedas. Desde peças televisivas, a títulos de notícias sobre a sua volatilidade entre outros. Podemos concluir que existe claramente um fator de interesse do público em geral nesta tecnologia, não só por ser uma novidade do presente, mas também por desconhecermos o seu impacto no futuro.


Mais interessante que o fator dos criptoativos em si e da sua volatilidade, uma parte bastante importante de todo este ecossistema passa pela blockchain. Explicando de uma forma muita leiga, esta é constituída por um conjunto de tecnologias que servem como um registo das transações efetuadas, com as quais se torna praticamente impossível sofrer alterações. No fundo, a blockchain funciona como uma base de dados que está disponível para qualquer pessoa e onde são possíveis colocar mais dados, mas os que já constam na mesma são praticamente impossíveis de alterar.

O primeiro uso real da blockchain surge com a bitcoin, uma moeda digital com o objetivo de ser uma reserva de valor. No entanto, têm surgido novas com casos de uso muito mais interessantes, sendo exemplo disso o ethereum. É uma plataforma de aplicações descentralizadas que integra contratos inteligentes. Conquistou o título de 2ª geração desta tecnologia.

Os contratos inteligentes funcionam como um sistema de causa-consequência que é colocado na blockchain e impossível de alterar. Portanto, eu posso celebrar um contrato digital com uma série de condições com um colega onde se e as condições do contrato forem cumpridas é feito automaticamente o pagamento acordado no contrato.

Atualmente já existem imensos casos de estudo para este conjunto de tecnologias, desde a mais óbvia, que passa por transações financeira, até há regulação de sistemas de medição (Fonte), registo de patentes/propriedades intelectuais (NFTs), voto eletrónico seguro (Fonte), certificação de origem de mercadorias/encomendas (Fonte), entre outras.

Falando mais concretamente em relação à gestão RH, acredito que a evolução da blockchain terá, a longo prazo, impacto em diversas áreas:


• Contratos – todos os contratos de emprego, ou pelo menos parte deles vão passar a ser inseridos dentro da blockchain pela impossibilidade de alteração dos mesmos e pela componente de transação financeira;


• Payroll – automação do processo de pagamento e transferências imediatas através dos contratos digitais;


• RGPD – Através da blockchain poderemos passar a ter uma Identidade Digital e segura onde podemos limitar a quem damos acesso a esses dados; 


• Referências/background checks – Com base no fator de segurança da blockchain, será possível emitir dados que normalmente colocamos nos nossos CVs, onde é possível verificar quem passou essa certificação, um pouco como o princípio base por detrás dos NFTs (ex. faculdades em vez de emitirem o diploma em papel passam a emitir um certificado digital e seguro dentro da blockchain impossível de ser adulterado e que dá aos recrutadores provas seguras da fiabilidade dessa informação).


Alguns destes fatores poderão ser também um fator de grande dinamização para o mercado freelance.


Apesar de tudo isto serem previsões a longo-prazo, start-ups e até mesmo grandes empresas já vão começando a adotar estas tecnologias que, apesar de ainda estarem numa fase muito embrionária, já têm um grande potencial disruptivo em diversos setores e é importante que as empresas se comecem a preparar para algumas destas mudanças.

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